quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Ideias!




"Não há uma ideia nascida do espírito humano que não tenha feito correr sangue sob a Terra."

Charles Maurras

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Justificação do Dia


"Eu aqui
sou oceano, mar, pedra de ribeiro
desenhado numa bala perdida,
um traço de sol sem abrigo ou horizonte,
fóssil animal, lágrima ou asa sem vida da
gaivota que perdeu o rumo da terra e nem, tão pouco,
sabe onde o vendaval."

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Simplicidade

"Queria, queria  
Ter a singeleza 
Das vidas sem alma
E a lúcida calma
Da matéria presa.
Queria, queria
Ser igual ao peixe
Que livre nas águas
Se mexe;

Ser igual em som,
Ser igual em graça
Ao pássaro leve,
Que esvoaça...

Tudo isso eu queria!
(Ser fraco é ser forte).
Queria viver
E depois morrer
Sem nunca aprender  
A gostar da morte." 
 
Pedro Homem de Mello, in "Estrela Morta"

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Aquela Senhora Tem um Piano



"Aquela senhora tem um piano
Que é agradável mas não é o correr dos rios
Nem o murmúrio que as árvores fazem ...
Para que é preciso ter um piano?
o melhor é ter ouvidos
E amar a Natureza."

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XI"
Heterónimo de Fernando Pessoa

sábado, 16 de julho de 2011

Eu Sou do Tamanho do que Vejo





 "Da minha aldeia veio quanto da terra se pode ver no Universo...
Por isso a minha aldeia é tão grande como outra terra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não, do tamanho da minha altura...
Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.

Na cidade as grandes casas fecham a vista à chave,
Escondem o horizonte, empurram o nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a nossa única riqueza é ver."

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema VII"

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Quando Voltei Encontrei os Meus Passos




"Quando voltei encontrei os meus passos
Ainda frescos sobre a úmida areia.
A fugitiva hora, reevoquei-a,
_ Tão rediviva! nos meus olhos baços..."

Camilo Pessanha, in 'Clepsidra'

domingo, 20 de março de 2011

Peito Perigeu

.

.

.




Em que pedra da lua guardarei
meu tecido peito cruzado,
pacto de sombra e luz, sobrada
adormecida na casa?

Talvez nas sobras dum ribeiro, reclamado maré demais,
na asa acontecida
meu lado, eixo perigeu...

Leonardo B.

[o poema completo, da parte que acompanha estes trabalhos, pode ser visto na Barca dos Amantes

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Macia a luz que se inclina





"Macia a luz que se inclina,
no grão de pedra, da rua
em cada pedaço de chão
lugar de renascido
enquanto farrapo de algodão
perdido no lado escuro do céu, e
vasculho da mãe de todas as mães,
busco,
outra gémea alma,
perdida
nesse desencontro de nuvem no
planeta céu azul que
visto daqui,
de mil cores visto de lá,
de lá cima, longe,
já a mim não me pertence:
- é tão pouco, é tão provisório, é tão
incompleto,
mapa céu, lua linha
roupa minha,
e o meu corpo,
meu aqui."


Texto original gentilmente cedido por Leonardo B.


[imagem sem tratamento digital]

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